Iniciando uma nova série (ou continuando aquela de muito tempo atrás), hoje falaremos sobre a vacinação contra a poliomielite.
Em agosto de 2012, eu fiz um post falando sobre a mudança dos tipos de vacinas que seriam ofertadas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), que foi justamente a introdução da vacina inativada (também conhecida como SALK, em homenagem ao seu desenvolvedor).
Porém, nem mesmo nos meus piores sonhos eu poderia imaginar que um dia precisaria reafirmar a necessidade da continuidade da vacinação. Mesmo antes do início da pandemia de COVID-19, os índices de vacinação vinham caindo e foram caindo, caindo, até chegarmos no menor patamar da última década.
Temos HOJE, na Região Metropolitana de Campinas, 72,22% de cobertura vacinal com o esquema primário contra poliomielite (realizado com 2, 4, 6 e 15 meses de idade) e 58,49% de cobertura vacinal aos 4 anos de idade (segundo reforço).
Vamos começar do princípio: O QUE É A POLIOMIELITE (e aproveitar que o blog me permite escrever mais do que o Instagram)?
A poliomielite é uma doença viral, causada pelo poliovírus, que gosta muito, mas muito mesmo, das células do Sistema Nervoso. A maioria das pessoas que entra em contato com o poliovírus irá desenvolver uma forma leve, bem parecida com uma Síndrome Gripal (tosse, coriza, febre, espirros… lembra alguém?). Porém, 1% dos infectados irá evoluir para uma paralisia flácida aguda, devido à destruição dos neurônios motores pelo vírus.
1% parece pouco, né?
Mas são muitas e muitas pessoas, quando paramos para lembrar que é um vírus de alta taxa de transmissão. E estamos falando de pessoas que ficaram com sequelas para toda a vida, dependentes de muletas, cadeira de rodas e, quando o poliovírus atingia a musculatura responsável pela respiração, pessoas que ficaram dependentes de respiradores artificiais, como o “pulmão de aço” mostrado na foto.
A primeira vacina contra poliomielite foi criada por Jonas Salk (VIP) e foi disponibilizada para uso em 1955. Em seguida, Albert Sabin anunciou a criação da vacina oral contra poliomielite, contendo vírus vivo atenuado (VOP).
Por ser de mais fácil aplicação, armazenagem e de menor custo, a vacina de Albert Sabin foi a escolhida para uso em campanhas pelo mundo e para ser usada no nosso PNI. O primeiro calendário básico de vacinação, datado de 1977, continha a VOP, a DPT, a BCG e a vacina contra sarampo (falaremos de todas nos próximos posts).
Então, com os nossos esforços, o último caso registrado no Brasil data de 1989! E recebemos o Certificado de Erradicação da Poliomielite em 1994 pela OPAS/OMS. Mas isso não significa que podemos baixar a nossa guarda.